Eu Gosto de Você, Mas...: Reconhecendo o Momento de Partir
- Giulia Kolokathis
- 25 de mai. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 1 de mai.
O encontro com o outro, às vezes, nos afasta de nós mesmos. Sabe aquela relação que nos tira o fôlego, embaralha o pensamento e nos faz esquecer o que queremos, o que sentimos, quem somos? Pode ser uma paixão, uma amizade de longa data, uma parceria que já foi forte. Nessas relações, não é raro que a gente vá se moldando ao outro, tentando corresponder a expectativas, segurando silêncios, sufocando incômodos — tudo para não perder o vínculo. Mas a verdadeira intimidade não exige isso. Ela se constrói na presença de quem somos: com nossas falhas, potências, limites e dúvidas. E no espaço em que o outro também pode ser autêntico.

Certa vez, ouvi pelos caminhos da vida que maturidade é quando a gente gosta de alguém e, ainda assim, consegue ir embora quando a relação já não faz sentido. Parece simples, mas não é. Primeiro, porque identificar o que nos faz mal leva tempo — principalmente quando nos habituamos a vínculos instáveis, mediocres ou desequilibrados. Depois, porque partir envolve abrir mão do que imaginamos, do que investimos, e de todo o desejo de que "ainda dê certo".
Há também os outros pesos: o medo da instabilidade financeira, a preocupação com os filhos, a dúvida sobre como será a convivência depois do fim. Em amizades, o receio de parecer ingrato ou cruel. O medo de ficar só, de ser mal interpretado, de decepcionar. E quando encarar o fim de um ciclo soa como fracasso — como se todo o tempo, o carinho e a dedicação tivessem sido em vão —, é fácil ficar onde já não se cabe mais.
Mas, às vezes, é preciso admitir:
Eu gosto de você, mas não gosto de mim quando estou com você.
Eu gosto de você, mas já não me vejo mais aqui.
Eu gosto de você, mas não tanto quanto pensei.
Eu gosto de você, mas…
Nem sempre querer é suficiente. E aceitar isso pode ser um alívio. Um gesto de respeito por si. Um jeito de dizer que a gente merece mais do que esforço constante para manter algo que já não sustenta quem somos.
Ficar pode ser bonito. Mas saber partir, também é.

