O Caos que habita em mim saúda o Caos que habita em você
- Giulia Kolokathis
- 10 de set. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 1 de mai.
Em algum momento da vida, todos nós nos deparamos com o caos interno, aquele turbilhão de pensamentos e sentimentos que parecem nos empurrar em várias direções ao mesmo tempo. Esse caos, frequentemente identificado como ansiedade, não é exclusivo de uma condição clínica. Ele é parte intrínseca da experiência humana, uma resposta natural ao enfrentarmos as incertezas e os desafios diários. Embora muitas vezes desconfortável, a ansiedade não patológica é algo que, de certa forma, nos une como seres humanos, pois todos a sentimos em algum grau.

Antes de psicóloga, sou pessoa, assim como você. Mulher, brasileira, filha, pensadora, irmã, viajante, amiga, calmaria, caótica... Pela lente do ser-não-ser, sou e não sou muitas coisas – assim como você. Criamos nossa identidade na aproximação e no distanciamento. Em alguns dias, me sinto em paz, em outros, o caos interno toma conta. E é nessa ambiguidade que todos vivemos. As pressões da vida cotidiana, os desejos de ser e fazer mais, e a necessidade de pertencimento nos colocam, frequentemente, em um estado de alerta.
O Caos de Ser Humano
A ansiedade, em sua forma mais comum e generalizada, surge exatamente dessa complexidade de ser. Ela é a nossa resposta natural a expectativas e preocupações: queremos realizar nossos sonhos, manter nossas relações, dar conta de responsabilidades – tudo ao mesmo tempo. É o desejo de controle sobre o que muitas vezes está fora do nosso alcance. Nessa tentativa de abarcar tudo, o caos se instala.
A ansiedade, nesse sentido, é uma manifestação da nossa humanidade. Ela reflete o medo da impermanência, o receio de não sermos capazes de lidar com os imprevistos e, mais profundamente, a nossa necessidade de controlar o tempo. Às vezes, queremos acreditar que logo irá passar, mas a ânsia de resolver tudo depressa afugenta a esperança. Como uma criança mimada, gostaríamos que o tempo de nossas emoções passasse conforme as nossas expectativas. Queremos que as coisas se resolvam rapidamente, sem compreender que os processos emocionais têm seu próprio ritmo.
Aceitar o Caos como Parte do Processo
Por mais desconfortável que seja, a ansiedade faz parte da experiência de ser humano. Não precisamos tentar eliminá-la a todo custo. Ao invés disso, podemos aprender a lidar com ela, a reconhecer que o caos não é sinônimo de desordem, mas de movimento. Ele nos lembra que estamos vivos, que estamos em processo de transformação e crescimento. Como disse o filósofo Nietzsche em seu livro Assim falou Zaratustra, "é preciso ter ainda o caos dentro de si, para poder dar à luz uma estrela dançante". O caos é também fonte de criação e renovação, uma força que, quando compreendida, pode gerar algo belo e transformador.
A vida, em sua essência, é feita de incertezas, e isso, por si só, gera ansiedade. O segredo está em aceitar essa realidade sem tentar apressar ou controlar o que está fora de nosso alcance. Assim como você, também busco equilíbrio. Em alguns dias, o caos parece menor, em outros, ele se agiganta. E está tudo bem. Não há um caminho único ou correto para lidar com isso. Cada pessoa encontra sua própria forma de navegar através desse mar de incertezas. Às vezes, pode ser útil compartilhar esse caos com alguém de confiança, seja um amigo, um familiar, ou um profissional que saiba acolher sem julgamento.
O Tempo de Cada Emoção
O tempo emocional é diferente do tempo que vemos no relógio. Nossas emoções têm seu próprio compasso, e tentar acelerá-las ou acalmá-las só aumenta a ansiedade. Uma das grandes armadilhas que caímos ao enfrentar o caos interno é acreditar que tudo precisa ser resolvido imediatamente. Queremos soluções rápidas para questões profundas, mas muitas vezes é preciso permitir que o tempo cumpra o seu papel.
A aceitação desse ritmo pode ser libertadora. Ao invés de lutar contra a ansiedade, podemos nos abrir para o que ela está tentando nos dizer. Muitas vezes, a ansiedade surge como um sinal de que estamos lidando com algo importante para nós. Pode ser um projeto que queremos muito que dê certo, uma relação que nos preocupa, ou até mesmo o medo de não corresponder às expectativas. Nesse sentido, o caos também é um convite à reflexão, ao autoconhecimento.
A Caminho da Tranquilidade
Mesmo que o caos faça parte da vida, isso não significa que não possamos buscar formas de torná-lo mais manejável. Pequenas escolhas no cotidiano — como incluir momentos de lazer, compartilhar responsabilidades com outras pessoas, cuidar da saúde física e reservar pausas para si — podem fazer diferença. A segurança emocional e financeira também entram nesse campo: sentir-se minimamente amparado em aspectos concretos da vida ajuda a reduzir o peso da ansiedade. Além disso, reconhecer que não precisamos ter todas as respostas o tempo todo pode ser libertador. A vida raramente segue uma linha reta de soluções fáceis — ela se constrói aos poucos, no ritmo possível, entre tentativas, pausas e adaptações.
E assim, o caos que habita em mim saúda o caos que habita em você. Porque, no fundo, todos compartilhamos essa jornada de incertezas, todos lidamos com os altos e baixos da vida. Nessa partilha, encontramos a força para continuar, sabendo que, apesar do caos, há sempre espaço para momentos de calma e clareza.
Se você se identificou com essa reflexão sobre a ansiedade e o caos que todos enfrentamos, saiba que não precisa lidar com isso sozinho. Às vezes, compartilhar o que sentimos em um espaço de acolhimento pode ser um passo para encontrar mais equilíbrio. Estou aqui para te ouvir e, juntos, podemos explorar formas de enfrentar essas emoções com mais leveza.
Se sentir que este é o momento, clique no botão de contato e agende uma conversa comigo. Será um prazer acompanhar você nesse processo.
